SOBRE O TEMPO E A ÁRVORE:
Daniel e Vitor se conheceram ainda no século passado, na prestigiosa escola de música Companhia das Cordas, fundada por Celso Brescia Leal em São
Paulo. Vitor tinha sido aluno de Celso e naquela época já era professor de harmônica na escola quando Daniel havia acabado se matricular.“Lembro que
a escola toda estava comentando a chegada de um novo aluno, extremamente talentoso. Quando eu finalmente o conheci, através de seu primo, Guga
Murray, lembro de achá-lo muito novo. ‘Nossa!’, pensei, ‘mas ele é quase uma criança!’Em pouco tempo pude ouví-lo tocar e confirmei o seu enorme
talento!”Daniel, por sua vez, conheceu Vitor como professor da escola e surpreendeu-se ao ouvi-lo tocar seu pequeno instrumento.” O cara toca muito!
Como é que improvisa desse jeito?”. Com o passar dos anos, os dois foram se acompanhando à distância, cada um vendo com gosto o florescer da carreira do amigo. Às vezes encontravam-se em ocasiões informais, quando tocavam de improviso e com grande alegria! Em 2017 finalmente fizeram seu primeiro registro oficial, no disco Oficina Itinerante, do flautista francês Jean-Luc Thomas. A partir desse momento, cresceu a vontade de estreitarem seus laços musicais. Com o advento da pandemia, os dois músicos passaram a trocar muitas idéias e a pensar num trabalho no futuro pós-covid. E eis que, finalmente, esse momento chegou! Durante vários meses, Daniel e Vitor ensaiaram semanalmente, estudando e aprimorando seu repertório. Com paciência e dedicação, foram lapidando cada tema. E prepararam um pequeno repertório de delícias!
SOBRE OS MÚSICOS:
Vitor Lopes
Músico, compositor e arranjador, é um dos principais gaitistas do Brasil, tendo sido o primeiro a dedicar sua carreira ao choro, estilo de música popular típica do sudeste brasileiro. Iniciou seus estudos com Omar Izar e aperfeiçoou-se com Celso Brescia, Cláudio Leal, David Richards entre outros. Atua como solista de jingles, trilhas e discos, já tendo gravado com grandes nomes da MPB como Chitãozinho e Xororó; Arnaldo Antunes; Ná Ozetti; Quinteto em Branco e Preto, entre muitos outros. Em 2008 ganhou o prêmio de Melhor instrumentista do Ano concedido pela APCA (Associação Paulista dos Críticos de Arte). Gravou dois cds com Um Trio ViraLata; três com o grupo Chorando as Pitangas; um com o Duodelá e um com o grupo Kerlaveo.Em 2009 apresentou seu primeiro concerto para gaita solo no festival Harmonicale, em Limoges, França. De lá pra cá, aprimorou seu repertório solo, tendo se apresentado em Brasília, Fortaleza e São Paulo.
Daniel Murray
Considerado um dos mais talentosos violonistas brasileiros de sua geração, Daniel Murray desenvolve ativa carreira como intérprete e compositor, apresentando-se no Brasil, America Latina e Europa desde 1998. A conquista de seu primeiro prêmio, no “Concours International de Guitarre de Trédez-
Locquémeau” – Bretanha- França, aos 14 anos de idade, marca o início de sua carreira. Sua discografia é composta por onze álbuns, cinco dos quais
dedicados ao violão solo. Lançou em 2019 “Universo Musical de Egberto Gismonti” (Carmo/ ECM) com produção de Egberto Gismonti. Lançou em dezembro de 2020 o álbum “Sombranágua – Septeto Autoral” e com este trabalho ganhou em 2021 a medalha de prata do Global Music Awards. Lançou em 2021 o EP solo “Five Pop Tunes” com composições de Marco Pereira além do álbum “Lugar ao vento” onde interpreta junto a Chrystian Dozza composições de Alexandre Guerra. Em 2022 lançou a “Sinfonia da Alvorada” de Tom Jobim em arranjo inédito para dois violões junto a Paulo Bellinati.
SOBRE AS COMPOSIÇÕES:
Cauteloso (Daniel Murray)– choro em duas partes de Daniel Murray que explora a tradição do violão chorado brasileiro. Com uma melodia ao mesmo tempo suave e inusitada, essa bela composição soa lindamente no ouvido! Mas, não se engane! Se você acha que vai sair cantando a melodia, tenha
cuidado…
O tempo e a árvore (Vitor Lopes)– composição de Vitor Lopes em homenagem ao violonista francês Roger Eon. Utiliza a mistura de texturas
homofônicas e polifônicas de modo a criar diferentes densidades sonoras. Pira-Piri (Vitor Lopes) – peça de Vitor Lopes para harmônica solo feita em
homenagem às cidades de Piracaia e Pirenópolis. Retrata o estado de efusiva alegria vivido pelo autor em ambas as localidades.Pira-Piri!
Maracandombe (Daniel Murray)- composição de Daniel Murray em homenagem a Vitor Lopes, realizada em período pandêmico. Peça de caráter
percussivo e misterioso, possui um espaço de improvisação para harmônica que evoca os rituais do candomblé, abrindo caminhos sonoros inusitados e
surpreendentes!
Enluarada (Daniel Murray)- de autoria do próprio Daniel Murray para violão solo. Peça de inspiração Jobiniana, sentimental e profunda. Daniel explora
lindamente as possibilidades de melodia acompanhada no violão, construindo um arranjo verdadeiramente orquestral. Descolado (Vitor Lopes)– choro de roda em três partes de Vitor Lopes. Choro ligeiro, leve e despretensioso. Deve ser servido com uma cerveja gelada e a companhia de bons amigos!
Com participação especial de Mirella Celeri e Camila Jabur.